sábado, 4 de fevereiro de 2012

Fábrica de assassinos

A notícia: "Policial, à paisana, mata três homens que o assaltaram no Distrito Dederal. Os comentários: "Menos três vagabundos na rua!", "Muito bem! Bandidos tem mais é que morrer!", "Alguém tem que fazer justiça nesse país!".

Não discutirei aqui o sentimento de vingança causado em um ser humano ao ter algo retirado dele; seja um bem, seja um ente querido. Não entrarei nos méritos de direitos humanos. Não criticarei os métodos de trabalho da polícia. Entretanto, discutirei a capacidade do ser humano de analisar um fato e julgá-lo, sem sequer olhar para o todo.

Para isto, façamos uma conta rápida: O número do bandidos mortos pela policia militar de São Paulo entre junho e outubro de 2011 foi de cerca de duzentos. Fonte: JT. Logo, durante um ano, estima-se um total de 600 mortes. Sabendo disso, façamos uma estimativa: A grande metrópole de São Paulo possui cerca de 19 milhões de habitantes. "Chutamos" que, deste número, cinquenta mil pessoas vivam do crime; roubos, assassinatos, tráfico, somente. Fazendo um cálculo rápido: 0,4 por cento é a chance de você ser morto, em um confronto, por um policial em São Paulo (metrópole). Obviamente, são cálculos não oficiais e desconsideram muitas variáveis, mas não são tão distantes da realidade.


Matemática, sério mesmo?

A partir desta informação, não é difícil concluir que ser morto por um policial, é algo relativamente difícil de acontecer e que os bandidos não tem lá muito com o que se preocupar ao cometer um crime; afinal, se ele fosse preso, ele teria casa e comida de gratuita mesmo. Mas qual é a solução então?


Geralmente, quando vejo alguma discussão sobre este assunto e alguém faz um comentário "pacifista", certamente outra pessoa rebaterá desta forma: "Imagine se fosse seu filho que tivesse morrido!". De fato, a morte de um ente querido é algo realmente difícil de aceitar e entender. Entretanto, eu diria logo em seguida: "Imagine se fosse seu filho que tivesse matado!".


O índice de criminalidade de um país, entre outras coisas, depende, fundamentalmente, da educação. Sem ela a convivência em sociedade torna-se extremamente complicada e as condições educacionais que as nossas crianças, filhos, tem acesso, atualmente, são precárias. Para um futuro próximo, apesar dos valores imediatistas de nossa sociedade, pouco pode ser feito, porém, se a partir de hoje, houvesse uma força tarefa em prol da educação, em 20 anos, nós poderíamos contar com um Brasil muito melhor, em absolutamente todos os aspectos. Soluções paliativas são boas, porém tem prazo de validade. Investir em educação de qualidade, não remendos aleatórios nos buracos mais fundos, é investir em um futuro melhor para todos nós.